junho 14, 2025

Neurociência na arquitetura: como funciona? 

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A neurociência na arquitetura ganhou espaço suficiente para que surgisse o termo neuroarquitetura, em representação à fusão entre as duas. A neurociência estuda o sistema nervoso visando compreender o seu funcionamento, suas reações e outras características. 

Com ela, é possível criar ambientes que influenciem positivamente os sentidos humanos, para que sejam mais atraentes e confortáveis. Portanto, a ampliação dos conhecimentos sobre o assunto pode ajudar a melhorar a abordagem arquitetônica.

Para entender mais sobre o que é e como funciona a neurociência na arquitetura, continue acompanhando este conteúdo!

Entendendo a neurociência

A neurociência é o campo de estudo que se dedica à compreensão do cérebro humano, buscando entender como ele funciona e como influencia o comportamento, emoções e processos cognitivos. 

Para isso, ela explora as diferentes partes do cérebro, que podem ser divididas em três grandes áreas:

  • cérebro reptiliano ou basal: é a parte mais antiga do cérebro em termos evolutivos e controla os instintos básicos e as funções essenciais para a sobrevivência, como a respiração, batimentos cardíacos e respostas de luta ou fuga;
  • cérebro mamífero ou límbico: esta parte do cérebro está relacionada às emoções (medo, tristeza e alegria), memórias e comportamentos, tendo papel essencial na sua formação e regulação;
  • cérebro racional ou neocórtex: é a parte mais recente do cérebro em termos evolutivos e é responsável pelo pensamento lógico, planejamento, linguagem e tomada de decisões. É por meio dele que se faz a análise de estímulos externos e desenvolvimento de estratégias e respostas para lidar com eles. 

Para que qualquer uma dessas partes do cérebro seja ativada, é necessário que as informações cheguem até ele através dos cinco sentidos: tato, olfato, visão, paladar e audição.

Conhecendo a neuroarquitetura

A neuroarquitetura é o estudo da neurociência aplicado à arquitetura, dando-lhe ferramentas para criação de espaços que influenciem seus ocupantes positivamente.

A aplicação da neurociência na arquitetura pode transformar a criação de ambientes tornando-os mais eficazes, ao considerar como os diferentes estímulos sensoriais afetam o cérebro humano. 

Ambientes projetados com base nesses princípios podem melhorar o bem-estar, a produtividade e o conforto das pessoas, criando espaços que não só atendem às necessidades funcionais, mas também promovem uma experiência sensorial enriquecedora.  

Variáveis ambientais da neuroarquitetura

A neuroarquitetura trabalha com 7 variáveis que afetam os projetos, as quais um profissional de arquitetura pode trabalhar buscando oferecer conforto e bem-estar de forma personalizada. Saiba quais são elas!

Iluminação 

A iluminação tem influenciado as pessoas desde os primórdios da humanidade, porque é através dela que se distingue o dia da noite, o que ajuda a regular o ciclo circadiano. 

Além disso, as luzes amarelas proporcionam uma sensação de conforto, enquanto as luzes brancas, especialmente aquelas emitidas por dispositivos eletrônicos, tendem a gerar tensão e provocar um estado de alerta. 

Dessa forma, é possível utilizar a iluminação de forma estratégica para evocar diferentes sensações.

Cores 

As cores também são variáveis primitivas, uma vez que as pessoas a percebem desde sempre. 

Além de provocarem diferentes emoções e sensações, como agitação ou tranquilidade, distância ou aconchego e até frio e calor, elas têm função importante na sobrevivência. 

Isso porque elas ajudam, por exemplo, a identificar alimentos que já passaram do ponto ou estragaram, impedindo uma intoxicação alimentar ou mal-estar.

Sons 

Os sons podem provocar as pessoas de forma negativa ou positiva. Ruídos persistentes podem levar alguém ao estresse, à desconcentração e à irritabilidade, enquanto sons agradáveis podem promover o relaxamento e o aconchego.

Aromas 

O olfato é outro dos sentidos que está ligado à sobrevivência, além de estimular sentimentos bons ou ruins. Um ambiente com cheiro agradável pode, por exemplo, provocar lembranças boas ou criar memórias relacionadas à felicidade.

Formas 

A percepção das formas está atrelada à visão e as pessoas desejam enxergar o que é belo e o que traz sentimentos bons. 

É possível provocar esses sentimentos por meio do uso de formas que lembrem a natureza e se distanciem das construções humanas. Exemplos delas são as arredondadas e as orgânicas.

Biofilia 

Esta é outra das variáveis da aplicação da neurociência na arquitetura e ela significa “amor pela vida”. Ela diz respeito à aproximação das pessoas à natureza, porque o cérebro entende elementos naturais como agradáveis e reconfortantes. A presença desses elementos pode proporcionar uma melhor produtividade, estimular o aprendizado, criatividade e a sensação de bem estar.

Personalização

Essa variável está associada ao usuário do imóvel, ao que ele lembra, sente e como ele percebe o ambiente. Sua adaptação e atendimento às necessidades específicas do ocupante é fundamental para gerar aconchego e criar um ambiente em que ele deseje estar.

Aplicação da neurociência na arquitetura

A neuroarquitetura consiste na aplicação das variáveis já mencionadas, para a criação de um ambiente que provoque as sensações certas. E isso é possível a partir da incorporação de elementos como:

  • variações de luz em cor e intensidade: adaptação da iluminação conforme o ambiente, utilizando luzes amarelas para quartos, para promover conforto e relaxamento, e luzes brancas para áreas como a sala e a cozinha, onde a clareza e o foco são necessários;
  • móveis com cantos arredondados: em espaços onde convivem crianças, é recomendável evitar móveis com bordas pontiagudas, optando por designs que ofereçam maior segurança e conforto.
  • uso de madeira em móveis e painéis: a incorporação de madeira em móveis e revestimentos (de parede – deixaria só revestimento, como mais ampla aplicação) traz uma sensação de aconchego e naturalidade, conectando o ambiente a elementos da natureza;
  • pintura dos cômodos conforme as sensações desejadas: as cores das paredes podem ser escolhidas com base no tipo de sensação que se deseja provocar. Por exemplo, tons de azul claro nos quartos podem estimular tranquilidade e relaxamento, enquanto tons amarelados ou alaranjados na sala incentivam a convivência criatividade e o movimento.
  • controle acústico: para evitar ruídos indesejáveis e melhorar a qualidade sonora do ambiente, é possível implementar projetos acústicos, proporcionando um espaço mais tranquilo e agradável.

A neurociência na arquitetura oferece a possibilidade de realização de projetos mais assertivos, porque permite compreender como diferentes estímulos ambientais afetam o comportamento, as emoções e o bem-estar das pessoas.

Ela possibilita a criação de espaços que respondem diretamente às necessidades humanas e promovem experiências positivas para seus ocupantes e usuários.

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